Orzil News
Brasília, March 29, 2024 7:49 AM

Museus do Ministério da Cidadania dão a largada para celebrar os 200 anos de Independência

Publicado em: 21/05/2019 14:05
Acervos com cartas, textos, pinturas e retratos ajudam a contar a história que levou o Brasil a se tornar uma nação autônoma e soberana
O quadro Independência ou Morte, do artista brasileiro Pedro Américo, é considerada a representação mais consagrada e difundida do momento da independência do Brasil

A história de um País pode ser construída a partir de vários prismas. Cartas, textos, pinturas, gravuras, retratos e diversos outros itens são capazes de oferecer um espelho sobre passado e uma oportunidade de reflexão sobre o presente e o futuro. Os museus desempenham um relevante papel nesse contexto e se preparam, desde já, para celebrar o ato que representa a transformação do Brasil em uma nação autônoma e soberana: a Independência.  cursos especiais+ 

As comemorações pelo bicentenário da Independência, celebrado em 2022, contam com o patrimônio museológico brasileiro. Instituições de todo o País preparam um cronograma de atividades e alguns museus já iniciam atividades em torno do tema – considerado fundamental para o entendimento da identidade nacional. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cidadania, defende o protagonismo dessas instituições no pensamento, na pesquisa e na promoção das comemorações do bicentenário.

“Entendemos os museus como protagonistas desse processo. Eles preservam mais de 69 milhões de bens culturais relativos à memória do Brasil e recebem milhões de visitantes por ano. É possível desenvolvermos pensamentos sobre parte desse acervo que dizem respeito à Independência”, afirma a diretora de Difusão, Fomento e Economia dos Museus do Ibram, Eneida Lemos.

Para a diretora, o rico patrimônio, aliado ao corpo técnico especializado, pode resultar em um trabalho diferenciado e que comunica com diferentes faixas de público. “A gente quer atrelar os trabalhos com a possibilidade de pesquisa dos acervos, para ver qual a novidade ou a releitura que pode ser feita desse material. É uma possibilidade de revisitar esses acervos, fazer uma pesquisa consistente e, a partir daí, trabalhar o tema”, conclui.

Dom João em retrospectiva

Dom João VI foi tema de exposição no Museu Histórico Nacional (Foto: Jaime Acioli)

O Museu Histórico Nacional (MHN), criado em 1922 justamente como uma das celebrações do centenário da Independência, já iniciou esse trabalho. De novembro de 2018 a fevereiro deste ano, o museu – localizado no Rio de Janeiro (RJ) – apresentou a exposição “O retrato do rei dom João VI”, visitada por aproximadamente 10 mil pessoas. Para realizar a mostra, o curador e diretor do MHN, Paulo Knauss, investigou o acervo do próprio museu e recebeu objetos de coleções particulares e de instituições brasileiras e portuguesas, reunindo, por fim, cerca de 60 itens que ajudaram a construir a imagem de Dom João.

Knauss explica que a contribuição de Dom João VI para o Brasil é fundamental para o entendimento do processo de Independência. “Por que eu defendi o tema? A gente esquece que Dom João teve como título imperador do Brasil. É impossível compreender o processo da independência sem compreender o processo de interiorização da metrópole, que representou a transferência da corte para cá”, afirma o diretor.

Dom João VI deixou legados em terra brasileira: abriu os portos às nações amigas, fundou o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional no Rio, além do primeiro banco do País, entre outros feitos. “Todo projeto artístico que se firma após a Independência foi promovido ainda no período joanino”, destaca Knauss. O monarca contribuiu para a renovação do ensino de artes no Brasil com a chegada da Missão Artística Francesa, em 1817, que deu origem à Academia Imperial de Belas Artes – futura Escola Nacional de Belas Artes.

Na exposição, o curador propõe um percurso pelo retrato biográfico, de João menino ao rei Dom João VI, a leitura política da retratística do rei e o resgate de uma pintura de 1814, desconhecida do público. De autoria de Antônio Alves e pertencente ao acervo do Museu Dom João VI, da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a pintura de destaque que retrata o monarca teve a restauração iniciada em um ateliê aberto durante a exposição, no Rio. Segundo Knauss, a ideia é reabrir a mostra em Brasília, no segundo semestre de 2019, com a pintura – exemplo de preservação do patrimônio cultural e principal legado da mostra – já restaurada.

Mais programação à vista

Segundo o diretor do Museu Histórico Nacional, as exposições retrospectivas são importantes para a consolidação de um conhecimento, em todos os cidadãos, sobre a história do País. “A gente quer mobilizar a pessoa comum e compartilhar esse sentimento de ser brasileiro. Junto com isso, vem o conhecimento. Mas para que conhecer? Conhecer para saber como é que a gente se torna brasileiro. Você se sente brasileiro porque nós nos construímos como tal”. Para Knauss, o MHN – administrado pelo Ibram – tem um papel ainda mais crucial nesse momento, por seu caráter temático. “O nosso museu se dedica à história do Brasil e o momento em que o Brasil se institui como Estado Nacional é o da Independência. Vamos ajudar o brasileiro a entender o que significa isso no processo de afirmação do Estado, no processo do brasileiro se reconhecer como brasileiro”, completa.

Nesse sentido, outra exposição, dessa vez dedicada a Dom Pedro I, está prevista para ser aberta pelo Museu Histórico Nacional. Chamada de “D. Pedro I: a história do personagem da história”, a mostra deverá entrar em cartaz no próximo ano, também como parte das comemorações do bicentenário da Independência. Foi Dom Pedro quem declarou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, e outorgou a primeira Constituição, em 1824.

De olho na formação de crianças e jovens, o MHN ainda pretende criar uma série de videogames com enredos históricos, que levam a descobrir acervos dos museus. O primeiro projeto em desenvolvimento, dedicado à Guerra dos Farrapos, já conta com um teaser (vídeo promocional) publicado no YouTube. “Isso é inovação tecnológica para o patrimônio, uma forma de fazer a garotada conhecer o patrimônio por meio do jogo. E o País inteiro pode ver, porque é acessado pelo celular”, comenta Knauss. O diretor reforça que, apesar da temática bélica, trata-se de um jogo educativo, por meio do qual acervos são revelados ao usuário.  cursos especiais+ 

Outros museus administrados do País, especialmente aqueles administrados pelo Instituto Brasileiro de Museus, também contam com diversas atividades previstas para a comemoração do Bicentenário da Independência. Entre elas, estão a realização de seminários e exposições temáticas, além do desenvolvimento de produtos específicos relacionados ao tema. O Ibram ainda prepara edições especiais da Semana Nacional de Museus e da Primavera dos Museus, assim como o reforço dos projetos Noite dos Museus e Passaporte dos Museus – os dois últimos, já realizados no Rio de Janeiro.

Curiosidade

Dom João VI foi, possivelmente, o rei português mais retratado na história da pintura e da gravura, pois precisava promover sua imagem para se fazer presente em Portugal enquanto viveu no Brasil – entre 1808 e 1821.

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania
[show_course id=”806″]