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PNAD COVID19 mensal: 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração em maio

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Publicado em: 24/06/2020 17:06

Editoria: Estatísticas Sociais

Entre os 84,4 milhões de trabalhadores do país, cerca de 19,0 milhões estavam afastados do trabalho e, entre estes, 9,7 milhões estavam sem sua remuneração, o equivalente a 11,5% da população ocupada em maio de 2020. Nesse mês, cerca de 16,8% dos trabalhadores do Nordeste e 15,0% do Norte estavam sem remuneração.

No Nordeste, 26,6% dos trabalhadores (ou 5 milhões de pessoas) estavam afastados do trabalho pela pandemia, a maior proporção entre as cinco regiões.

Em maio, a PNAD COVID19 constatou que 27,9% da população ocupada (ou 18,3 milhões de pessoas) trabalharam menos do que a sua jornada habitual, enquanto cerca de 2,4 milhões de pessoas trabalharam acima da média habitual. A média semanal de horas efetivamente trabalhadas (27,4h) no país ficou abaixo da média habitual (39,6h).

Efeito similar foi observado no rendimento efetivo dos trabalhadores (R$ 1.899), que ficou 18,1% abaixo do rendimento habitual (R$ 2.320).

Em maio, 38,7% dos domicílios do país receberam algum auxílio monetário do governo relacionado à pandemia, no valor médio de R$ 847. Mais da metade dos domicílios das regiões Norte e Nordeste receberam esse tipo de auxílio.

Em maio, 24 milhões de pessoas apresentaram sintomas associados à COVID-19 e a região Norte mostrou o maior percentual (18,3%) de pessoas nessa condição.

Norte e Nordeste têm as maiores taxas de desocupação

Em maio, a PNAD COVID19 estimou que o país tinha 160,9 milhões com 14 anos ou mais de idade, a chamada população em idade de trabalhar. A população na força de trabalho eram 94,5 milhões, dos quais 84,4 milhões eram ocupados e 10,1 milhões desocupados. A população fora da força de trabalho somava 75,4 milhões de pessoas.

As mulheres eram maioria na população residente (51,1%) e na população em idade de trabalhar (51,6%), mas não na força de trabalho (43,5%). Entre os ocupados, as mulheres representavam 42,8% e, entre os desocupados, 49,5%.

O total de desocupados ficou em 10,1 milhões de pessoas e a taxa de desocupação chegou a 10,7%. As taxas das regiões foram: Centro-Oeste (11,4%) Nordeste (11,2%), Norte (11,0%), Sudeste (10,9%) e Sul (8,9%). A taxa de desocupação entre as mulheres (12,2%) foi maior que a dos homens (9,6%).

26,6% dos trabalhadores do Nordeste foram afastados do trabalho pela pandemia

Entre os 84,4 milhões de trabalhadores do país, 19,0 milhões (ou 22,5%) estavam afastados do trabalho que tinham na semana de referência e 15,7 milhões (ou 18,6%) estavam afastados devido ao distanciamento social. O Nordeste apresentou o maior percentual (26,6%) de pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social, enquanto a região Sul foi a menos afetada (10,4%).

Pessoas ocupadas e pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho – maio de 2020

Ocupados (mil pessoas) Total de afastados (mil pessoas) Total de afastados devido ao distanciamento social (mil pessoas) Percentual ocupados de afastados (%) Percentual de ocupados afastados devido ao distanciamento social (%)
Brasil 84 404 18 964 15 725 22,5 18,6
Norte 6 372 1 792 1 487 28,1 23,3
Nordeste 18 830 5 726 5 001 30,4 26,6
Sudeste 38 077 8 233 6 801 21,6 17,9
Sul 13 949 1 976 1 447 14,2 10,4
Centro-Oeste 7 176 1 237 990 17,2 13,8

O grupo etário com a maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi o de 60 anos ou mais de idade: 27,3%. Esse comportamento que foi verificado em todas as grandes regiões e, no Nordeste, o afastamento chegou a 33,3% das pessoas de 60 anos ou mais de idade.

Quase 10 milhões de trabalhadores ficaram sem remuneração devido à pandemia

Entre os 19,0 milhões de trabalhadores do país que estavam afastados do trabalho na semana de referência, aproximadamente 9,7 milhões de pessoas estavam sem a remuneração do trabalho. Este total representava 51,3% das pessoas afastadas do trabalho que tinham e correspondia a 11,5% do total de ocupados. Nordeste e Norte mostraram os maiores percentuais de pessoas afastadas do trabalho e sem remuneração: 55,3% e 53,2% das pessoas afastadas e 16,8% e 15,0% da população ocupada na região, respectivamente.

Pessoas ocupadas e pessoas e temporariamente afastadas do trabalho – maio de 2020

Ocupados (mil pessoas) Afastados sem remuneração (mil pessoas) Percentual de afastados sem remuneração entre os afastados (%) Percentual de afastados sem remuneração entre os ocupados (%)
Brasil 84 404 9 728 51,3 11,5
Norte 6 372 953 53,2 15,0
Nordeste 18 830 3 164 55,3 16,8
Sudeste 38 077 4 192 50,9 11,0
Sul 13 949 828 41,9 5,9
Centro-Oeste 7 176 591 47,8 8,2

Domésticos sem carteira têm a maior taxa de afastamento devido à pandemia

Entre as categorias de ocupação investigadas pela PNAD COVID19, os maiores percentuais de pessoas afastadas devido à pandemia estavam entre os trabalhadores domésticos sem carteira (33,6%), os empregados do setor público sem carteira (29,8%) e os empregados do setor privado sem carteira (22,9%).

Em relação aos grupamentos de atividade, o da Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura registrou o menor percentual de pessoas afastadas (6,8%), enquanto Outros serviços (37,8%), Serviço doméstico (28,9%) e Alojamento e alimentação (28,5%) tiveram maior proporção de pessoas afastadas do trabalho.

Nível superior predomina entre os trabalhadores remotos

Cerca de 77,5% do total de ocupados (ou 65,4 milhões) não estavam afastados do trabalho. Entre os não afastados, 8,7 milhões trabalhavam de forma remota (home office), o equivalente a 13,3% da população ocupada que não estava afastada.

O percentual de mulheres trabalhando remotamente (17,9%) superou o dos homens (10,3%). Entre as pessoas com nível superior completo ou pós-graduação, 38,3% estavam trabalhando remotamente. Os percentuais foram muito baixos entre os sem instrução ou com fundamental incompleto (0,6%), bem como para o nível fundamental completo e médio incompleto (1,7%). Para aqueles com médio completo e superior incompleto o percentual ficou em 7,9%.

Média semanal de horas efetivamente trabalhadas fica abaixo da média habitual

No Brasil e em todas as regiões, caiu o número de efetivamente horas trabalhadas pelas pessoas ocupadas e não afastadas. O número médio de horas habituais foi de 39,6 horas por semana, contra 27,4 horas semanais efetivamente trabalhadas. A maior disparidade entre as horas habituais e efetivas foi verificada no Nordeste.

No Brasil, em maio, 18,3 milhões pessoas ocupadas e não afastadas (ou 27,9% desse contingente) trabalharam efetivamente menos horas que as habituais.

Na direção oposta, cerca de 2,4 milhões de pessoas ocupadas trabalharam efetivamente acima da média de horas de habituais, o que correspondia a 3,6% das pessoas ocupadas e não afastadas. Nas grandes regiões, este percentual variou de 2,7% no Sul a 4,1% no Sudeste.

Rendimento efetivo dos trabalhadores é 18,2% menor que o rendimento habitual

O rendimento habitual de todos os trabalhos ficou, em média, em R$ 2.320, para Brasil, e o efetivo em R$ 1.899, ou seja, o efetivo representava 81,8% do habitualmente recebido. Nordeste e Sudeste registraram as maiores diferenças, respectivamente: 80,3% e 80,7% entre o efetivamente e o habitualmente recebido.

Indicadores de rendimento médio real dos ocupados com rendimento do trabalho (R$) – maio de 2020

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro- oeste
Rendimento habitual 2.320 1.789 1.643 2.634 2.501 2.532
Rendimento efetivo 1.899 1.495 1.319 2.126 2.099 2.168
Massa de rendimento médio real normalmente recebido 192.957 11.064 30.355 99.363 34.189 17.986
Massa de rendimento médio real efetivamente recebido 157.914 9.248 24.380 80.196 28.691 15.400
Razão do rendimento efetivo e habitual 81,8 83,6 80,3 80,7 83,9 85,6

Pessoas fora da força de trabalho devido à pandemia predominam no Nordeste

Em maio, havia 75,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho no Brasil, dos quais 34,9% não procuraram trabalho, mas gostariam de trabalhar, e 24,5% não procuraram principalmente devido à pandemia ou porque faltava trabalho na localidade em que residia, mas também gostaria de trabalhar. Nas regiões Nordeste e Norte, ficaram acima dos 30% os percentuais de pessoas fora da força de trabalho e que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho.

Ao somarmos a população fora da força que gostaria de trabalhar, mas que não procurou trabalho, com a população desocupada, temos 36,4 milhões de pessoas pressionando o mercado de trabalho em busca de alguma ocupação ou que estariam se tivessem procurado trabalho. Quando o motivo de não ter procurado estava relacionado à pandemia ou à falta de trabalho na localidade, o total de pessoas foi de 28,6 milhões de pessoas.

Desocupados e pessoas fora da força que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho – maio

38,7% dos domicílios receberam algum auxílio monetário relacionado à pandemia

A proporção de domicílios que receberam algum auxílio relacionado à pandemia foi para Brasil de 38,7% do total, as Regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram os maiores percentuais, 55,0% e 54,8%, respectivamente. Entre os auxílios estão o Auxílio Emergencial e a complementação do Governo pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. O valor médio recebido pelos domicílios, para Brasil, foi de R$ 847.

Percentual de domicílios que receberam auxílio relacionado à pandemia e valor médio recebido

4,2 milhões de pessoas apresentaram sintomas conjugados associados à COVID-19

Nos domicílios visitados pela PNAD COVID19 em maio, foi perguntado a todos os moradores se, na semana anterior a entrevista, algum deles apresentou: febre; tosse; dor de garganta; dificuldade de respirar; dor de cabeça; dor no peito; náusea; nariz entupido ou escorrendo; fadiga; dor nos olhos; perda de cheiro ou de sabor; e dor muscular. Os sintomas foram informados pelo morador e não se pressupõe a existência de um diagnóstico médico.

Muitos estudos na área da saúde identificaram sintomas que podem estar associados ao virus COVID19. Neste sentido, e seguindo esta literatura, foi possível conjugar os sintomas para apresentar um indicador sintese. Os conjuntos de sintomas utilizados foram: perda de cheiro ou de sabor, ou tosse e febre e dificuldade para respirar, ou tosse e febre e dor no peito.

Em maio, cerca de 24 milhões de pessoas (ou 11,4% da população) mostraram algum dos sintomas de sindromes gripais. A perda de cheiro ou de sabor foi informada por 1,8% da população (3,8 milhões de pessoas). A seguir, vieram tosse, febre e dificuldade para respirar (0,5% ou 1,0 milhão de pessoas) e tosse, febre e dor no peito ( 0,5% ou 991 mil pessoas).

Região Norte tem o maior percentual de pessoas com sintoma de síndrome gripal

A região Norte apresentou o maior percentual de pessoas com algum sintoma gripal (18,3% ou 3,3 milhões de pessoas), assim como o maior percentual de pessoas com algum dos sintomas conjugados (7,8% ou 1,4 milhão de pessoas). Por outro lado, o Centro-Oeste teve os menores percentuais: 7,3% ou 1,2 milhão de pessoas com algum sintoma e 0,4% ou 73 mil pessoas com algum sintoma conjugado.

Em termos do indicador sintese, 4,2 milhões de pessoas (ou 2,0% da população) apresentaram sintomas conjugados de síndrome gripal que podiam estar associados à COVID-19 (perda de cheiro ou sabor ou febre, ou tosse e dificuldade de respirar ou febre, ou tosse e dor no peito).

Os percentuais de pessoas que informaram ter algum dos sintomas de síndromes gripais pesquisadas foram mais alto no Amapá (26,6%), Pará (21,3%), Amazonas (18,9%), Ceará (16,5%) e Maranhão (15,1%). Os mesmos estados apresentaram os maiores percentuais de pessoas com sintomas conjugados.

Percentual de pessoas com algum dos sintomas de sindromes gripais na população (%)

58,2% das pessoas com algum sintoma de sindrome gripal eram pretos ou pardos

Entre as pessoas que apresentaram algum dos sintomas pesquisados de sindromes gripais, 56,7% eram mulheres, 50,6% tinham entre 30 e 59 anos, 58,2% se declararam de cor preta ou parda, 32,8% não haviam completado o ensino fundamental e 34,8% tinham o ensino médio completo ao superior incompleto.

Já entre as pessoas que apresentaram algum dos sintomas conjugados, as mulheres representaram 57,4 e as pessoas pretas ou pardas 70,0%. Pela distribuição etária, o maior percentual foi entre as pessoas de 30 e 59 anos (55,2%), seguido pelo grupo entre 20 e 29 anos (21,1%) e pelos idosos com 60 anos ou mais (11,1%).

3,8 milhões de pessoas com sintoma buscaram atendimento e 74,8% delas, na rede pública

Cerca de 15,7% (ou 3,8 milhões) das pessoas com algum dos sintomas pesquisados procurou atendimento em estabelecimento de saúde, percentual que foi de 31,3% entre aqueles que apresentaram algum dos sintomas conjugados (ou 1,3 milhão de pessoas).

A maioria das pessoas procuraram atendimento em estabelecimentos públicos de saúde (postos de saúde, equipe de saúde da família, UPA, Pronto Socorro ou Hospital do SUS): 74,8% daqueles com algum sintoma e 78,2% daqueles com algum dos sintomas conjugados.

Na rede pública, a atenção primária à saúde destacou-se como o local principal dessa procura por atendimento em maio, com 1,7 milhão (44,6%) de pessoas com alguns dos sintomas e 605 mil (45,6%) de pessoas com alguns dos sintomas conjugados. A procura por pronto socorro do SUS ou por hospitais (públicos, privados ou ligados às forças armadas) também foi grande, respectivamente de 29,0% e 34,2% entre aqueles com sintomas conjugados e 23,6% e 29,7% entre aqueles com algum dos sintomas pesquisados.

Em maio, 31 mil pessoas com algum dos sintomas pesquisados foram intubadas

Entre a pessoas que procuraram atendimento em hospitais, 10,1% (113 mil) das que apresentaram algum dos sintomas pesquisados e 13,5% (61 mil) das que apresentaram algum dos sintomas conjugados precisaram ficar internadas. A maior parte destas pessoas internadas eram homens (59,4% e 62,3%, respectivamente) e de cor preta ou parda (56,3% e 61,3%, respectivamente). Além disso, mais de 40% eram idosos acima de 60 anos. Entre as pessoas internadas em hospitais, 27,2% (31 mil) das que apresentaram algum dos sintomas pesquisados e 36,1% (22 mil) daquelas com algum dos sintomas conjugados precisaram ser sedadas, intubadas e colocadas em respiração artificial.

Fonte: IBGE
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