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Tainacan: uma solução gratuita para criação de acervos digitais

Publicado em: 22/03/2019 12:03 | Atualizado em: 22/03/2019 12:03

Software livre desenvolvido em parceria com a Secretaria Especial da Cultura permite a gestão de coleções culturais on-line

O que os museus do Ouro, Histórico Nacional, de Ciências da Universidade de Brasília (UnB) e a revista Filme Cultura têm em comum? Essas e mais de 100 entidades usam o Tainacan, ferramenta gratuita feita em parceria com o antigo Ministério da Cultura (hoje Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania) para disponibilizar acervos e coleções digitais de forma fácil, amigável e conectada às redes sociais. O Tainacan foi destaque na edição 2019 da World Digital Library Conference.

O sistema foi montado em um plugin para WordPress, uma ferramenta gratuita e bastante disseminada no mercado de criação de sites. Ao incluir essa extensão em qualquer site WordPress, o responsável consegue importar e criar catálogos do acervo cultural, além de disponibilizar essa informação na internet e nas redes sociais.  cursos especiais+

O nome de batismo do projeto, Tainacan, se refere à deusa tupi das constelações. Se a divindade ligava as estrelas, o projeto repete a missão ao permite montar esses repositórios culturais digitais e até integrá-los a outros acervos semelhantes. O professor da UnB Dalton Martins é o criador da ferramenta. Abaixo, ele explica os detalhes do projeto:

Como surgiu a ideia de criar esse plugin?
A ideia do projeto nasceu de uma demanda do então Ministério da Cultura, no ano de 2014, que estava desenvolvendo uma política nacional de acervos digitais e iniciou um projeto em cooperação com a Universidade Federal de Goiás. Eu estava lá como docente para pesquisarmos soluções tecnológicas no modelo de software livre que pudessem ser indicadas às instituições culturais brasileiras. A ideia era ser algo de baixo custo para implantação e que, ao mesmo tempo, pudesse se adaptar às necessidades técnicas de organização de acervos e coleções digitais.

O que se identificou à época era que não havia uma solução livre que pudesse atender as demandas de gestão de coleções e, ao mesmo tempo, fosse amigável e interoperável com redes sociais para ampliar o potencial de socialização em rede dos objetos culturais. Desse modo, decidiu-se por aproveitar o modelo WordPress de desenvolvimento e construir um plugin para transformar o WordPress num repositório digital. Vale dizer que o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em 2016, se interessou por adotar a solução, considerando que eles já estavam tentando desenvolver uma solução própria e entenderam que o Tainacan atendia suas necessidades.

Por que a ferramenta foi construída como um plugin para WordPress?
Pela flexibilidade da arquitetura do WordPress, que permite que se faça um plugin para implementar funcionalidades de repositório e um tema para construir uma interface gráfica amigável com o usuário. Isso nos permite desenvolver funcionalidades sem perder compatibilidade com o WordPress quando o mesmo evolui e lança novas versões, o que pode ser acrescentado ao Tainacan automaticamente.

E também pelo mercado de tecnologia: há muitos desenvolvedores em WordPress no Brasil, o que garantiria que a tecnologia fosse mais facilmente socializada e não ficassem as instituições culturais dependentes de uma única empresa ou universidade para dar manutenção e atualizar o software, quando fosse necessário.

Qual foi a resposta da comunidade? Quantas instituições usam o plugin em seus acervos?
Tem sido muito boa, considerando que o Tainacan tem sido adotado por vários museus, centros culturais e instituições memoriais pelo Brasil e pelo exterior. O retorno que temos recebido é que o Tainacan se apresenta como uma ferramenta flexível e fácil de operar para resolver os problemas mais simples e básicos de formação de coleções e repositórios digitais. Nós já tivemos mais de 1.000 downloads do plugin e estima-se, por contabilidade do próprio WordPress, que existem mais de 100 repositórios ativos com o Tainacan.

Na sua opinião, o que é preciso para difundir mais os acervos em rede das instituições culturais no Brasil?
O incentivo e a articulação das instituições culturais em torno de modelos de governança e gestão dos acervos a partir de uma política nacional que apoie as instituições a adotarem padrões técnicos, semânticos, legais e operacionais para a organização de seus projetos e processos de trabalho. A digitalização e gestão de acervos digitais é algo que envolve várias dimensões e uma enorme demanda técnica para as instituições culturais, sendo que muitas delas ainda não estão capacitadas ou possuem estrutura suficiente para conduzir tais tipos de projeto. É fundamental criar marcos de referência e instruções normativas que apoiem as instituições nessa direção.

Quais são as mais importantes funcionalidades atuais desse plugin? E quais funcionalidades estão previstas?
As funcionalidades mais importantes são a possibilidade de customizar modelos de metadados, criar filtros de busca e consulta de forma dinâmica e fácil interoperabilidade com redes sociais. É possível criar e importar taxonomias de forma dinâmica e importar coleções de outros softwares – tais como Dspace, Omeka –, exportar e importar dados usando o protocolo OAI-PMH, fornecer suporte a tratamento de imagens com a solução de interoperabilidade de imagem IIIF. A ferramenta tem suporte ao uso de Elastic Search para tratamento de dados massivos, entre outros. Estão previstas a possibilidade de configurar os dados a partir de entidades semânticas e exportar as coleções em formato RDF, além de interconexão com Wikimedia para publicar dados e imagens na ecologia Wiki (Wikipedia, Wikimedia e Wikidata).

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania
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